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terça-feira, 6 de julho de 2010



Hoje vou postar um artigo muito interessante que fala sobre como estimular o desenvolvimento social e comunicativo.

Crianças com grande déficit em sua habilidade de comunicação verbal podem requerer alguma forma de comunicação alternativa. A escolha apropriada do sistema depende das habilidades da criança e do grau de comprometimento. Sistemas de sinais têm sido amplamente utilizados nesses casos, como o de Makaton, por exemplo, que incorpora símbolos e sinais. Este recurso é amplamente utilizado no Reino Unido, ainda que a evidência de melhora significativa na comunicação de crianças autistas seja limitada.
PECS

Um sistema baseado em figuras parece exigir menos habilidades cognitivas, lingüísticas ou de memória, já que as figuras ou fotos refletem as necessidades e/ou o interesse individuais. O PECS (Picture Exchange Communication System) é um exemplo de como uma criança pode exercer um papel ativo utilizando Velcro ou adesivos para indicar o início, alterações ou final das atividades. Este sistema facilita tanto a comunicação quanto a compreensão, quando se estabelece a associação entre a atividade/símbolos.

Em contraste com as preocupações dos pais sobre o perigo de que os sinais e fotos diminuam a motivação para o desenvolvimento da fala, até agora não há evidência de que isso possa ocorrer. Pelo contrário, aponta-se que, ao focar em formas alternativas de comunicação, as crianças podem ser encorajadas a utilizar a fala. Ao mesmo tempo, encontrou-se que o uso da sinalização pelas crianças autistas segue o mesmo padrão daquele encontrado em programas de treinamento verbal, ou seja, os sinais são raramente utilizados para compartilhar experiências, para expressar sentimentos/emoções ou para comunicar-se reciprocamente.

Programas de linguagem

Para crianças mais jovens, que são capazes de falar algumas palavras ou emitir sons espontaneamente, programas de linguagem individualizados são importantes para melhorar a compreensão e a complexidade da fala. Chama-se a atenção para a necessidade de os pais utilizarem estratégias efetivas e consistentes para encorajar a fala e desenvolver as habilidades imaginativas. Por exemplo, os pais podem manter os brinquedos e guloseimas longe da criança, mas à sua vista, utilizando recipientes transparentes, que atraem a atenção da criança. Esta estratégia simples ajuda a criança a ter de se comunicar com os adultos para conseguir o que ela quer. As habilidades imaginativas podem ser encorajadas, por exemplo, focando-se nos interesses estereotipados da criança, porém expandindo os tópicos de interesse, ao invés de simplesmente eliminar os primeiros.

Dispositivos computadorizados
Dispositivos de comunicação computadorizados têm sido especialmente projetados para crianças com autismo. Em geral, o foco está em ativar a alternância dos interlocutores e em encorajar a interação. Teclados intercambiáveis, de crescente complexidade, possibilitam que as crianças progridam gradualmente de um teclado com apenas um símbolo para o uso independente de formatos com múltiplos símbolos, que são ajustados de forma personalizada para o ambiente, necessidades ou interesses do indivíduo. Outro fator em favor do uso de computadores é que o material visual é mais bem compreendido e aceito do que o verbal. No entanto, é importante advertir que os computadores podem também aumentar "obsessões" por tecnologia.

Programa educacional TEACCH

Outro sistema de instrução com base visual é o programa educacional TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children). É um programa estruturado que combina diferentes materiais visuais para aperfeiçoar a linguagem, o aprendizado e reduzir comportamentos inapropriados. Áreas e recipientes de cores diferentes são utilizados para instruir as crianças sobre, por exemplo, o lugar apropriado para elas estarem em certo momento e qual a correspondente seqüência de atividades, durante o dia, na escola. Os componentes básicos são adaptados para servirem às necessidades individuais e ao perfil de desenvolvimento da criança, avaliados pelo PEP-R (Psychoeducational Profile-Revised).

Sistemas potencializadores

Mesmo crianças sem dificuldades de linguagem evidentes podem também requerer alguns sistemas potencializadores da comunicação, em certas situações. A maioria das crianças autistas apresenta dificuldades de compreensão de linguagem abstrata ou dificuldade para lidar com seqüências complexas de instruções que necessitam ser decompostas em unidades menores. Por exemplo, em uma sala de aula, os estudantes foram incentivados pelo professor a completarem uma história sobre uma menina e seu cachorro. Cada estudante foi convidado a construir verbalmente uma pequena parte da história. Depois que alguns meninos deram sua contribuição focando-se nos pensamentos, sentimentos e atividades da menina, o estudante autista repentinamente concentrou-se no cachorro, mudando o tópico da história e sem fazer uma conexão com os trechos prévios. Em casos como esse, um quadro com desenhos mostrando a seqüência das situações pode ser útil. Outro menino autista não reagiu à instrução "arrume os brinquedos", mas o fez quando solicitado a "colocar os brinquedos na caixa" ou a olhar para a figura com esta instrução.

Metáforas devem ser evitadas ou então explicadas, caso contrário podem causar muito sofrimento, como no exemplo: "Vou morrer de fome". Perguntas devem ser o mais simples e concisas possível, tentando reduzir a ambigüidade. Portanto, é melhor perguntar: "qual é o número do celular de sua mãe?" do que "por favor, você pode me dar o celular de sua mãe?" Para essa última questão, a criança autista pode responder "sim" e não fazer mais nada ou compreender que deve dar o aparelho para o solicitante.

Vocabulário

A ecolalia imediata é a repetição do que alguém acabou de dizer, ao passo que a ecolalia remota ou tardia são palavras, expressões ou mesmo diálogos tomados de outras pessoas ou dos meios de comunicação. Um vocabulário amplo, copiado da fala dos adultos, por exemplo, pode ser entendido como um sinal de competência lingüística e não como linguagem estereotipada e, desta forma, retardar o fechamento do diagnóstico real. Outras características especiais da linguagem no autismo são a inversão de pronomes, como na confusão entre eu-você, e as perguntas repetitivas. Esses comportamentos refletem as dificuldades das crianças em desenvolver um sentido do "eu" e do "eles", a capacidade de se comunicar socialmente e de lidar com situações imprevisíveis. Dessa forma, o fato de uma criança perguntar repetidamente sobre o que irá fazer no Natal, desde o início do ano, pode ser conseqüência da ansiedade dela sobre eventos vindouros. Perguntar incessantemente sobre a altura ou peso de uma pessoa pode relacionar-se à necessidade de ser sociável sem ter os instrumentos apropriados, que os ajudariam a compreender as mentes das outras pessoas.

Uma abordagem criada recentemente para a melhora das dificuldades sociais diz respeito a um treinamento projetado para aumentar a capacidade de se colocar no ponto de vista do outro (mind-read).

Fonte: Revista Brasileira de Psiquiatria | Cleonice Alves Bosa
Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

segunda-feira, 5 de julho de 2010




Assisti ao filme Adam, é uma gracinha um filme apaixonante, conta as dificuldades de arrumar um emprego, de se socializar entender os sentimentos dos outros, arrumar uma namorada e expressar seus próprios sentimentos. Nunca deixando de esquecer que cada caso é um caso. Ele é portador de síndrome de asperger.

Vale a pena assistir.

domingo, 4 de julho de 2010


A ALIMENTAÇÃO IDEAL PARA O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Por Natasha Campbell McBride (traduzido por Cláudia Marcelino do site Autismo em Foco)

A Dra. Natasha é pediatra, pesquisadora da Universidade de Cambridge em neurologia e nutrição, tem um filho com TEA e escreveu um livro: “Gut and Psychology Syndrome: Natural Treatment for Autism, ADD/ADHD, Dyslexia, Dyspraxia, Depression, Schizophrenia”, ” O intestino e as Síndromes psicológicas: Tratamento Natural para Autismo, TDAH, Dislexia, Dispraxia, Depressão, Esquizofrenia”.

Uma dieta livre de glúten e caseína é bastante conhecida e tem bases científicas sólidas por trás. No entanto, existe muito mais que você pode fazer pela nutrição de seu filho, do que simplesmente cortar glúten e caseína.


Eu acredito na natureza. A natureza nos fez e ao mesmo tempo nos provem com todo tipo de alimento necessário para nos alimentar e nos manter saudáveis, ativos e cheios de energia. Nós devemos consumir esses alimentos da forma em que a natureza os proporciona. É quando começamos a adulterar esses alimentos, é que começamos a ter problemas. Qualquer processo a que submetemos o alimento, muda a sua estrutura química e biológica. Nossos corpos não foram planejados para consumir alimentos modificados. Quanto mais o alimento é processado, mais quimicamente alterado e com menos nutrientes eles ficam. Além de perder o seu valor nutricional, alimentos processados perdem as suas principais características de sabor e cor. Então, para compensar, várias químicas são adicionadas: enriquecedores de sabor, corantes e todos aqueles aditivos e preservativos, que finalmente tem sido mostrados como coadjuvantes nos problemas de aprendizado, desordens psiquiátricas e outros problemas de saúde. Se nós olharmos atentamente as prateleiras de supermercados, nós vamos perceber que a maioria dos alimentos processados são carboidratos. Todos aqueles cereais matinais, biscoitos, pães, massas, chocolates, doces, geléias, açúcares, frutas em calda, alimentos pré-cozidos cheios de misturas, são carboidratos altamente processados.

Todo carboidrato da alimentação ao ser digerido se transforma em glicose. A natureza nos provém com uma grande quantidade de carboidratos na forma de frutas, vegetais e cereais. Quando nós os ingerimos em sua forma original, esses carboidratos são absorvidos vagarosamente produzindo um aumento gradual da glicose no sangue, o qual o nosso corpo foi planejado suportar. Carboidratos processados são absorvidos muito rapidamente, produzindo um rápido aumento da glicose no sangue. Agora, a glicose no sangue é um daqueles fatores onde o nosso corpo produz picos bioquímicos para lidar com a situação porque seus valores altos ou baixos são perigosos. Um aumento rápido de glicose no sangue é chamado hiperglicemia, coloca o pâncreas em estado de choque para bombear muita insulina rapidamente pra lidar com esse aumento. Como resultado, depois de uma hora a pessoa chega a um nível muito baixo de glicose sanguínea, chamado hipoglicemia. Algum de vocês já percebeu que após ingerir um desses cereais matinais no café da manhã, após 1 hora estão com fome de novo? Isso é hipoglicemia. E o que essas pessoas geralmente fazem nessas horas em que estão com fome? Comem biscoitos, uma barra de chocolate, um café ou qualquer coisa parecida e todo ciclo de hiper/hipo glicemia começa novamente. Essa ciranda de glicose alta e baixa no sangue é extremamente perigosa para todo mundo, podemos deixar de lado um pouco a nossa criança autista. Tem sido provado que muito da hiperatividade, agressividade e outros problemas comportamentais em crianças de idade escolar, são resultados da ciranda de glicose. A fase hiperglicêmica produz as tendências de hiperatividade e auto-estimulação em nossas crianças, enquanto na fase hipoglicêmica eles se sentem mal, geralmente com dores de cabeça, mau humor, furor ou fadiga geral com suor excessivo. Muitos alimentos já foram apontados pelo seu índice glicêmico – um indicador de como esses alimentos podem aumentar a glicose no sangue depois de ingeridos. Carboidratos processados incluindo o açúcar, alcançaram os maiores índices glicêmicos, assim como o arroz branco, batatas, cenouras cozidas e ervilhas cozidas. É melhor dar aos autistas carboidratos com baixos índices glicêmicos – frutas e vegetais crus e alguns cereais integrais cozidos e preparados por você mesmo. Frutose tem um baixo índice glicêmico.

Outro ponto importante sobre os carboidratos processados são os seus efeitos nocivos na flora intestinal. Carboidratos processados alimentam as bactérias patogênicas e os fungos no intestino, promovendo o seu crescimento e proliferação. Fora isso eles produzem um efeito parecido com uma cola onde vários parasitas hospedeiros se agarram e se desenvolvem. Todas essas criaturas microscópicas produzem substâncias tóxicas que seguem na corrente sanguínea “envenenando” literalmente a criança. Quanto mais carboidratos processados você der a sua criança, mais “intoxicado” ela vai ficar e mais sintomas autísticos você verá.
Essa é mais uma dica de um otimo livro, que pode ajudar muitos pais e profissionais.

Brincar para crescer

O livro contém 201 exemplos de atividades projetadas para ajudar crianças especiais a desenvolver habilidades sociais fundamentais. As atividades estão divididas de acordo com os 5 estágios do desenvolvimento descritos no Modelo de Desenvolvimento do Programa Son-Rise®, e cada atividade foi projetada para trabalhar uma habilidade específica dentro de um determinado estágio. Brincar para Crescer é um ótimo companheiro para pais e profissionais ligados a crianças de todo o espectro do autismo. O livro auxilia pais e profissionais a promover o desenvolvimento de habilidades de suas crianças enquanto estas se divertem brincando em motivadoras atividades interativas.

para saber mais sobre o livro ou até adquiri-lo:
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Apoio/Brincar/Brincar.html

Terapia perfeita

Leia um relato de Elisa Leavitt, mãe do menino autista George, de seis anos, sobre como a pintura o ajuda a se expressar.

O George não pinta com muita frequência. É isso é interessante quando se vê o quão impressionante foi aquela pintura [das maçãs]. Quando ele está no clima de pintar, adora.

Ele não pode estar muito estressado ou muito cansado. Mas nos raros momentos de calma, quando ele pinta, fica tão concentrado que o resto do mundo parece desaparecer. Ele tem uma compreensão impressionante de como as cores funcionam e de como misturá-las.


Ele não pintou quase nada mais depois dessas maçãs. Claramente, quando você olha para a pintura, tem muita emoção nela. De fato, ele parecia exausto quando acabou.

Acho que pintura é uma terapia perfeita para quem luta para se expressar com palavras o que pensa.

Quando vejo essa pintura, sinto que entendo um pouco uma coisa que normalmente está escondida. É como uma janela para uma parte do George que não consegue se conectar com os outros.

O George adora música e ficou obcecado com os sons de violino ano passado. Ele até chorava quando ouvia algumas músicas, dizia que elas eram ‘tão tristes...’. Compramos um violino pra ele ano passado.

Elisa Leavitt
Mãe de George

sábado, 3 de julho de 2010

Vou postar um Artigo interessantissímo que traz 10 Coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse !

1. Antes de tudo eu sou uma criança.

Eu tenho autismo. Eu não sou somente "Autista". O meu autismo é só um aspecto do meu caráter. Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope? Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente. Sendo criança eu ainda estou descobrindo. Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim. E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?

2. A minha percepção sensorial é desordenada.

Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo. Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim. O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender. Vou explicar o porquê uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível. Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes. O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível. O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja. O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual. Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho. O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando. Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.

3. Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer)

Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim. Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo. Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João". Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.

4. Eu sou um "pensador concreto" (concrete thinker).

O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações. Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras. É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer. Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.

5. Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.

Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto. Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado). Por outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem. Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.

6. Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.

Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender. Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas. Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.


7. Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer.

Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de "CONSERTO". Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.

8. Por favor, me ajude com interações sociais.

Parece que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído. Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente. Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: "você esta bem?".

9. Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.

Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo. Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação. Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.


10. Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.

Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse." ou "Porque ele não pode." Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso. Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa. Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu. Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol. Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para alzaheim o enigma da vida extraterrestre - O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha base.


Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir.
CONTO COM VOCÊ!

quinta-feira, 1 de julho de 2010


Olá , hoje vou postar parte de uma entrevista feita com a Dra.Temple Grandin, onde relata alguns fatos por ela vividos.Irei colocar os trechos que me chamaram atenção , e abaixo o link da entrevista completa .

INTRODUÇÃO

Eu tenho 44 anos de idade e sou uma mulher autista com uma carreira internacional bem sucedida. Meu trabalho é projetar equipamento para animais (especialmente gado) de fazendas. Completei meu Ph.D em ciências animais na Universidade Estadual do Colorado. Foi a intervenção precoce iniciada aos 2 anos e meio de idade que me ajudou a superar minha deficiência.


COMPRESSÃO

No meu livro "Emergence: Labeled Autistic" (Grandin & Scariano, 1986), eu descrevo a ânsia que eu sentia no meu corpo para receber um estímulo de compressão. Eu queria sentir aquela sensação agradável de estar sendo abraçada, mas quando as pessoas me abraçavam eu me sentia invadida por estímulos como se uma forte onda do mar se abatesse sobre mim. Quando eu tinha apenas 5 anos de idade, eu costumava "sonhar acordada" com uma máquina imaginária. Em meus sonhos, eu entrava dentro da máquina e ela me pressionava de maneira suave e confortável. Era de extrema importância que eu fosse capaz de controlar a máquina. Eu tinha que ser capaz de interromper os estímulos quando eles se tornassem muito intensos. Quando as pessoas me abraçavam, eu ficava enrijecida e tentava me afastar delas para evitar a enxurrada de estímulos desagradáveis. Eu parecia um animalzinho feroz resistindo. Quando pequena gostava de ficar debaixo das almofadas do sofá e ter minha irmã sentada sobre elas. Nas diversas conferências sobre autismo que participo, uns 30 a 40 pais já vieram até mim e me disseram que seus filhos buscam este estímulo de profunda compressão. Pesquisas de Schopler (1965) indicaram que crianças autistas tendem a preferir os estímulos sensoriais mais próximos como o toque, o gosto ou o cheiro do que os mais distantes como a audição ou a visão.


ANSIEDADE NA PUBERDADE

Na infância eu era hiperativa, mas nunca havia me sentido "nervosa" até chegar à puberdade. Nesta época o meu comportamento foi de mal a pior. Gillberg and Schaumann (1981) descrevem uma deterioração no comportamento de muitas crianças autistas quando atingem a puberdade.

Logo após a minha primeira menstruação, os ataques de ansiedade iniciaram. Era um constante sentimento de pavor a todo tempo. Quando as pessoas me perguntam como é, eu digo: "Imagine que você fez algo que lhe trouxe grande ansiedade, como, por exemplo, a sua primeira fala em público. Agora pense bem se você se sentisse assim a maior parte do tempo sem razão de ser.". Eu ficava com o coração batendo rápido, as palmas das mãos suadas e inquieta.

Os "nervos" me pareciam mais uma situação de hipersensibilidade do que ansiedade. Era como se o meu cérebro estivesse correndo a 150 quilômetros por hora em vez de 60. "Librium" e "Valium" (medicamentos fortes) não conseguiam me dar alívio. Os "nervos" seguiam um ciclo diário e ficavam pior à tardinha e no início da noite. Eles se acalmavam tarde da noite e no início da manhã. Os "nervos" iam em ciclos com a tendência de piorar na primavera e no outono. Eles também se acalmavam durante a menstruação.

Às vezes os "nervos" se manifestavam de outras formas. Por semanas eu tinha "crises de colite" e quando eu tinha os "ataques de nervos" iam embora.

Eu estava desesperada por alívio. Um dia eu descobri que se eu fosse no brinquedo de rodar do parque de diversões eu sentia um alívio temporário. Pressão intensa e estímulo vestibular acalmavam meus nervos. Bhatara, Clark, Arnold, Gunsett e Smeltzer (1981) descobriram que crianças autistas pequenas têm sua hiperatividade reduzida quando, duas vezes por semana, são colocadas numa cadeira giratória e giradas.

Enquanto visitava o rancho da minha tia, eu observei que o gado era às vezes levado à um tubo pressurizador para receber uma pressão relaxante. Alguns dias depois eu tentei em mim mesma e me aliviou por algumas horas. A máquina que eu construí para mim mesma foi inspirada na máquina que eu vi no rancho da minha tia e tinha duas funções: ajudar a relaxar os meus nervos e prover um sentimento agradável de ser abraçada.

Antes de construir a máquina, a única maneira de conseguir alívio era através de muito exercício físico ou trabalho manual.

Pesquisas feitas com pessoas autistas ou retardadas mostram que vigorosos exercícios físicos podem diminuir o índice de comportamento disruptivo e os estereótipos (McGimsey & Favell, 1988; Walters & Walters, 1980). Existem duas outras maneiras de lutar contra os nervos: fixar numa atividade intensa ou se retirar e tentar diminuir ao máximo toda a intromissão de estímulos externos. Fixar numa atividade para mim teve efeito calmante. Enquanto eu era a editora da revista para criadores de gado "Arizona Farmer Ranchman", eu costumava escrever três artigos a cada noite. Enquanto estava datilografando furiosamente, eu me sentia mais calma. Eu ficava muito nervosa quando não tinha nada para fazer.

Com o passar da minha idade os meus nervos ficaram piores. Há 8 anos eu passei por uma cirurgia de vista que foi muito estressante para mim e disparou o pior ataque de nervos da minha vida. Eu acordava no meio da noite com meu coração aos pulos e os pensamentos obsessivos de que eu estava ficando cega [...]

A entrevista completa pode ser encontrada neste link :

http://www.autismo-br.com.br/home/Grandin1.htm